Quem você pensa que é?

Você não é tão especial assim

Claudia Morais SP
2 min readFeb 14, 2022

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Por muito tempo achei ser alguém tão especial, diferente das demais com uma de vida extraordinária, buscando sempre acertar, me aperfeiçoar, e por isso sentia-me a super mulher. Não que isso seja errado, apenas percebi que direcionei sempre a minha energia para o lado do nada da vida, onde você tem que ser o vencedor e não o fracassado, com medo da solidão por ter perdido um grande amor pela morte, medo de não ser aceite e não encontrar o meu lugar no mundo, medo de morrem ser esquecida e não deixar a minha marca.

A medida que fui construindo a minha identidade, percebi em mim essas supostas fragilidades, mesmo sabendo que a felicidade não é eterna nem constante, buscava intensamente o bem estar, e muitas das vezes fugindo da angustia e da tristeza.

Aceitar a dor é bom, faz doer menos, foi assim que aprendi a lidar com o facto de não ter a pessoa amada que perdi.

Aceitar a dor não é tão bom assim, foi assim que aprendi a lidar com o não da sociedade, como não ter o estereótipo do corpo ideal, não ser chamada e reprovar nas entrevistas de emprego, pelos constrangimentos que passamos por um diploma, correr atrás das coisas mesmo levando milhares portas na cara, e não ver esses eventos como uma rejeição ou humilhação.

Aceitar a dor não é nada bom, foi assim que percebi que sou uma péssima pessoa para namorar, colocava-me num pedestal, onde quem não aceita-me são pessoas insuficientes para mim, que eles só perdem por não verem o meu valor e quanto sou especial, e que alguém como eu nunca iram encontrar.

Mais que valor? Não é que eu não tenha valor, só não entendo por quê que o outro tem que ver o reflexo daquilo que vejo em mim.

Quem você pensa que é? Só porque você tem raiva, e está com alguma dor isso lhe dá o direito de tratar mal o outro, ser arrogante, você não é tão especial como pensas, o mundo não vira ao teu redor e as coisas não será e nem são como você quer. Ser mimada e egoísta, não resolvera nada e isso só mostra o quanto imatura és, e que se as coisas não correm com a princesa quer, o outro não é tão bom o bastante para você, o problema sempre está no outro e nunca em você.

Aceite a dor de não ter o outro como um espelho daquilo que você quer, e sim, daquilo que o outro é e consegue ser, e não é nada fácil e nem precisa ser, o acerto não está em não falhar, está em deixar rolar se desligar, e ser aquilo que você consegui ser e quando falhar poder reconhecer, e saber dizer não quando for preciso ceder, poder construir o vosso equilíbrio.

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Claudia Morais SP

Escrevo sobre o que me vem na cabeça, sou ansiosa, intensa e confusa. Nada de especial e tudo bem. Grata por lerem minhas viagens mentais.